
Meus pés tocavam o chão que com o frio da noite é gélido e beira o insuportável para meu velho corpo. Então após um tempo, fiquei na poltrona com as pernas dobradas lendo o meu livro e sentindo o calor voltar a tecer meus músculos.
O aroma do chá verde levemente adocicado subindo e se dissipando no ar úmido. A névoa lá fora deixa as árvores mais sombrias com aparência de carrancas desejosas que se movimentavam ao vento. Admiro por um instante os mínimos detalhes da poltrona em que me encontro, confortavelmente, com seu belo tom verde escuro e textura macia, feita por inúmeras linhas cruzadas formando um fractal de quadrados perfeitamente alinhados.
A vela ilumina o livro que tenho em mãos e que leio silenciosamente. Meu silêncio em contraste ao som da chuva. As palavras que devoro, tornam-se imagens em minha mente e fluem constantemente até perceber que não estou lendo mais e sim vivenciando-as em meu imaginário. Parece tão vivo o que leio que cada palavra é estranhamente palpável.
A minha visão começa a perder o brilho das poucas cores que a vela me permite ver. Ou seria a vela chegando ao seu fim? Os olhos pesando e o corpo abraçando a sono profundo. A luz se extinguindo em seu último fôlego.
A descrição da cena é feita de uma maneira tão poética que parece que estou dentro daquela casa num cantinho observando cada movimento desse senhor. E quase dá pra sentir o friozinho agradável e o cheiro do chá. Mais um texto lindo. Parabéns!
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