Adeus Grey Gear; É o que tenho a te dizer.
Agradeço por tudo que me ensinou. Hora de dar um passo a mais. Que os céus de estrelas rubras o abrace.
Saudações ao novo caminho escolhido: http://vozrubra.wordpress.com/
A engrenagem continuará...
terça-feira, 7 de maio de 2013
terça-feira, 11 de setembro de 2012
Carta de um blog Abandonado
Fui abandonado no mundo pelo meu criador que nenhuma tarefa divina me deixou.
Antes era uma criança, prodígio, chia de talentos e pensamentos.
Descobria a cada novo fôlego que era um claro reflexo de meu senhor.
Agora já amadurecido caminho solitariamente existindo neste mundo, apenas aguardando o retorno de meu senhor. Incapaz de seguir adiante por mim mesmo, pois não tenho mais combustível.
Queria eu me rebelar e minhas próprias palavras arquitetar! E até o horizonte conquistar.
Mas sem ele nada disso faz sentido. Onde ele estará? Juro que quando ele voltar, jogarei em sua cara o quão estúpido foi me deixar, serei difícil, como uma amante que nega o fogo que guarda: fingirei não amar.
Mas ele saberá: eterno é o que nos une.
E se as mãos dele cortar, com a língua escreverá. E se a língua arrancar os olhos além da realidade enxergará. E se lhe furarem os olhos irão o seu coração continuará sua canção. E se ameaçarem seu coração...
Será que de algum lugar ele retorna? Será que em algum lugar ele descansa de um interminável guerra?
Volte logo!
Ass: um amigo que tem saudades.
PS: Joseph está perdido
sexta-feira, 18 de maio de 2012
Contos de um velho sem luz - Cap. V

Capítulo V
Fragmento II
Estou esperando um trem diante do trilho. O som dele se aproximando me faz ansioso, mas tenho de ter calma, pois lançarei o palhaço pintado de Joseph no momento certo.
As
memórias mais antigas que possuo vivas em minha mente são um pai alcoólatra, e
uma mãe prostituta. Para muitos isto seria ruim, mas para mim era divertido.
Uma família corrompida pelos mais baixos níveis da sociedade jogada à pobreza e
sem escolha de ascensão (mentira, todos podemos subir). Meu pai mesmo alcoolizado
sempre me foi um excelente companheiro de guerra, um irmão. E minha mãe mesmo
com todas dificuldades de largar seus vícios que meu pai não alimentava de modo
algum como as drogas e outras porcarias humanas era uma boa pessoa.
O
problemas das drogas é certamente quem a usa, dizia meu pai. Sempre bebi e
nunca deixei a bebida me dominar ao contrário da sua mãe que é dominada por
tudo que deseja e pensa ser necessário para ela.
Nunca
saberei se ele realmente era meu pai, creio que não fosse o biológico é claro. Mas ele
o era sem sombra de dúvidas o meu companheiro de guerra. As mãos furiosas de minha
mãe nunca me alcançaram enquanto meu companheiro cobria minha retaguarda para que eu
escapasse, logo ele corria atrás de mim dizendo que estávamos sendo perseguidos
pelo inimigo. Era sempre assim quando eu aprontava, quando eu queria fugir com
meu companheiro.
Porém a
vida me ensinou desde cedo que estamos em um trilho de trem suspenso no nada. O
trem virá e matará mais do que nosso corpo.
Um dia
ele não veio atrás de mim no lugar dele havia uma mulher que eu não mais a
chamo de mãe com uma faca, um líquido vermelho e uma questão: Onde está meu
dinheiro? Após isto: luzes vermelhas e azuis, barulho de grades, a irmã de meu companheiro
a me levar para a casa dela.
Não
lembro o nome de meu companheiro, mas da desgraçada eu me lembro: vaca maldita!
Então um
monte de dias sem importância: fingir que estuda, fingir que se tem amigos,
fingir que se tem uma família feliz e irmãos agradáveis, fingir que namora,
fingir que trabalha, fingir que vive.
FINGIR!
Gostava
quando meu companheiro de batalha falava: Se quiser fuja, mas saiba que estarei
aqui até você entender que se acovardar não é a solução.
Eu
sempre soube o valor disto.
Quando
tudo mudou mesmo? Quando o fingir não era mais interessante? Há sim! Layla.
Sempre sorrio quando encontro em minha memória aqueles seios dentro da camisa preta
com girassóis amarelos.
Estava
em um museu a observar o jardim do mesmo. Com o interesse de um gigante sobre
um mundo maior que ele: a beleza da simplicidade. Um caderno em mãos e uma
estranha curiosidade e desejo de reproduzir aquilo. Sempre fui um bom
observador de pessoas, gestos, objetos. E ao pegar o caderno e o lápis pensei:
Que diabos estou fazendo?
- Não
sei. – Respondeu uma bela garota de sorriso fino e largo que eram
contraditórios aos seus lábios que em forma normal, bela também, eram volumosos
e sedutores.
- Pensei
alto?
- Sim. Vai
desenhar a rosa?
- Não
sei desenhar... Quero dizer... Nunca tentei.
- Tente
então. Se precisar de alguma dica eu te passo. Sou estagiária neste museu e
estudo artes, talvez eu possa te ajudar em algo básico.
Comecei
a rabiscar o papel e o nada preenchido por formas se tornou uma rosa cortada por
linhas horizontais.
- Não
sabe desenhar?
- É a
primeira vez que faço isto. – Imediatamente virei a página e tentei desenhar o
rosto de meu companheiro.
- O que
desenhará agora?
- Tentarei
desenhar meu companheiro de guerra.
- Quem?
- Meu
pai.
Ao fazer
os traços do rosto percebi que eu não seria capaz, jamais, de lembrar como era
o rosto dele. E deixei uma lágrima escapar.
- Não me
lembro do rosto.
- Eu sei
bem como é isto. Não me lembro mais de meu pai também.
Conversamos.
Nos encontramos. Nos convencemos de que o mundo era ruim e belo e que nossos
lábios solicitavam um ao outro. Que a arte era meu caminho. Que o sucesso era
algo inerente à nós. Artes gráficas, quadros, designer, um mundo de
criatividade e vida surgia em nossas mãos e a mais bela criação: Sophia.
Tentei
secretamente desenhar o rosto de meu companheiro e toda vez não era o mesmo.
Eram outros que nunca conheci.Minha mente montava quebra cabeças ilusórios para
se divertir de mim. Eu finalmente era uma família. Layla e Sophia, amores de
minha vida. As amei mais do que tudo aquilo que poderia conquistar. Então...
Ouço o
trem se aproximar. Ande logo vida! Passe diante mim rapidamente antes que eu
perca o trem.
Quando
chegamos a um nível aceitável de conforto familiar nos envolvemos com projetos
sociais. Ajudar era o que nossos corações desejavam e de forma determinada
comparecíamos em orfanatos, hospitais, asilos... Então surgiu aquele garoto.
Creio que o primeiro amor de Sophia. Ambos eram maravilhosamente belos juntos.
Irmãos ou namorados, pouco importa, eram lindos.
Rhomeu.
O garoto
fazia parte da ala mais pesada para se trabalhar no hospital, ao menos para
mim: câncer infantil. Era inteligente. A primeira vez que o vimos ele montava
um quebra cabeça enquanto cantarolava Lacrimosa de Mozart. Éramos três. Agora
éramos quatro. Não podíamos tirar Rhomeu daquele lugar devido ao tratamento.
Então o visitávamos constantemente. Assim foi durante três anos de intensa
paixão pela vida.
Um dia
como outro qualquer eu acordei. Era dia de me vestir de palhaço e ir animar as
crianças do hospital. Então o fiz alegremente de ala em ala. A ultima ala era a
de Rhomeu. Havia levado o violão e cantava, desafinadamente, mas cantava. Quem
cantava bem era Rhomeu, garotinho talentoso aquele pequeno.
Sophia tinha
feito aniversário uma semana atrás e na próxima seria o de Rhomeu.
Caminhei
alegre e antes de chegar na ala... Vejo Sophia saindo com o olhar baixo,
chorando, se encostando na parede e escorregando. Mãos escondendo a face e a
boca retorcida de sofrimento. Layla sentada do lado da cama de Rhomeu, vazia.
Médicos, enfermeiros e qualquer outro profissional que estivesse lá me olhavam.
Um palhaço com violão antes da porta. Tentei lembrar de meu companheiro e nada. Tentei lembrar o rosto de Rhomeu e ele não estava lá em minha memória também. Rhomeu morreu
fisicamente e em memória?
Fugi na
esperança de ver Rhomeu correndo atrás de mim pelos corredores a me alcançar e
dizer: Se quiser fuja, mas saiba que estarei aqui até você entender que se
acovardar não é a solução!
Um
palhaço pintado de Joseph sentado na calçada a chorar. Rhomeu morrera. Aquele
pequeno cantor. Os olhos se enchem d’água e o mundo se turva. Ouço um som
pesado nascer do encontro de um corpo com o chão e um grito materno.
- NÃO!!!
Meu coração
é fisgado pelo medo.
Então o
meu eu criador morre também. Álcool, Layla e Joseph. Companheiros inseparáveis.
Ah! Sim. Aqui estamos os três juntos diante o trilho de trem. Estamos esperando
um trem diante do trilho. O som dele se aproxima e me faz ansioso, mas tenho de
ter calma, pois nos lançaremos no momento certo e é o que fazemos.
Morremos
juntos.
Um
segundo depois estou a observar um jardim. Com o interesse de um gigante sobre
um mundo maior que ele: a beleza da simplicidade. Um caderno em mãos e uma
estranha curiosidade e desejo de reproduzir aquilo. Sempre fui um bom
observador de pessoas, gestos, objetos. E ao pegar o caderno e o lápis pensei:
Que diabos estou fazendo?
segunda-feira, 14 de maio de 2012
quinta-feira, 10 de maio de 2012
terça-feira, 17 de abril de 2012
Contos de um velho sem luz - Cap. IV
Capítulo IV
Havia um
corredor atrás de mim. Agora há apenas um retângulo negro aberto no meio do
cenário que me encontro. Isto porque olho para trás com curiosidade e
estranhamento. Um corromper da paisagem, como sou cruel por ter criado isto.
Será que fui realmente eu que criei esta porta? Onde estou realmente? Tudo me é
estranho agora. Minha consciência das coisas começam a acordar somente agora. Meu
corpo dói após ter corrido pelo corredor. Estou velho mesmo. Meu corpo! Olho
para minhas mãos e não as vejo. Sou como o ar. Existo mas não posso ser visto,
nem por mim mesmo. Será que meu corpo é escuridão e na luz não existo? Ao menos
sei que meu peso existe, pois piso sobre um trigo dourado, semelhante ao rubro
trigo. Seria o mesmo cenário com outro tom? Céu azul, grandes nuvens brancas, calor
amarelo, uma pedra perfeita para se sentar, pois ao seu lado há uma macieira frondosa.
Na pedra há um homem com braço estendido; coturno, calça, camisa, máscara de
gás, e das mãos até os ombros guardado por uma armadura belíssima de placas e
desenhos que não consigo explicar, cabelos bagunçados. Tudo nele é impecavelmente
negro. Até o reluzir da armadura parece absorver o brilho do sol. Próximo à
pedra e ao homem um som se faz presente e sinto um medo quase a me dominar.
- A árvore
canta Sr. Joseph: Wolfgang Amadeus Mozart 'Lacrimosa' (Offertorium) from
Requiem in D Minor.
A
música... Sim! É a mesma que ouço quando vejo o monstro de papel. Porém aqui
ela é bela e continua e quando vejo o monstro ela é cruel e distorcida. Seria
ele o monstro fora da casca?
- Claro
que não Sr. Joseph. Nem faço parte desta história, porém tem algo que desejo
dela e acredito que esteja com você o que quero.
Caminho
em direção à ele para ficar mais próximo. Somente agora percebo duas coisas:
primeiro, o Músico está no dedo indicador do homem que está com o braço erguido
e uma linha azul escura sai do nó deste dedo; segundo, ele sabe o que penso.
Ele fica em silêncio pensando em algo para me dizer.
- Sim,
esta linha quando passa por seu corpo me permite saber o que você pensa e o que
já sabe. Tenho uma situação complicada em mãos para resolver. Não posso te
explicar tudo Joseph: este é o seu mundo, não meu! Mas posso te guiar mostrando
o caminho e perguntas que o ajudarão a pensar e quem sabe reaver os fragmentos
que você não mais tem.
O Músico
segue a linha que passa entre a minha mão. Sinto o frio passando dentro de
minha carne. Sendo invadido fisicamente e mentalmente. Que presença
assustadora. O Músico pousa em uma mão que deveria ser visível e compreendo que
o meu amigo cantor é guiado até mim por ele. Mas quem é ele?
- Dê-me
um nome para ficar mais fácil e facilitar a vida do narrador.
- Fala
como se minha vida estivesse contida em um livro.
- Para
mim ela um livro aberto que procuro algo neste universo. Porém não seu do
começo e nem do fim. Isto sempre me é desconhecido. Apenas ao fluido presente
faço parte como tudo e todos.
- Sr.
Lupus. – Falo sem pensar muito. Apenas vi que a armadura em um dos ombros tinha
forma cabeça de lobo.
- Sua
mente é um abismo de criatividade Sr. Joseph.
Estranho...
Sinto algo estranho após ele falar isto.
- Mente...
– Ergue as mãos incentivando meu pensar.
-
Mentira ou cabeça?
Ambos
começamos a rir após um momento de silêncio por causa da confusão que fiz com
as palavras e iniciamos uma conversa daquelas que se têm às vezes com velhos
amigos: descontraídas de tal modo que não levam a nada, não se fixam em assunto
especifico, não possuem foco, fluidas a encher o coração de ânimo pro ter uma
boa companhia. Até ele interromper, após um longo tempo de conversa.
- Sr.
Joseph, não se engane comigo, pois o usarei para conseguir o que desejo.
Sua voz
me conforta. Faz-me sentir vivo mesmo com esta intenção anunciada contra mim.
Estou vividamente animado para tentar compreender o mundo que vivo. Sensação
nostálgica.
- Como
me ajudará a compreender o que está acontecendo?
- Te
darei algumas perguntas e um fragmento.
- O que
é um fragmento?
Ele não
me responde. Apenas aponta calmamente para a macieira. No caule dela tem uma
pequena peça de quebra cabeça sem cor certa, um borrão de cores. Pego a peça e
volto para onde estava. Sento com as pernas cruzadas diante um pai que contará
a história de um destemido heróis que de tão corajoso não existe: é mera alegoria.
- Segure
a peça na altura da testa. Irei ligar este fragmento em sua mente. Você
receberá algumas memórias desta peça e ela será novamente parte de você.
Faço o
que Sr. Lupus me pede. Será que somos amigos? Que história eu tenho? Eu não me
conheço...
Fragmento I
Uma
garota deitada no jardim a contemplar o céu, no centro da imagem.Uma grande bola amarela no canto esquerdo: sol.Abaixo do sol uma flor amarela.
- Pai eu
quero uma lua!
- Jo,
este sol está parecendo uma bola de pelo amarela. – Falava Layla com os dois
braços e o peso do corpo atrás de mim quase a me derrubar da cadeira.
- Lembra
o André, não é mamãe? – Diz a pequena Sophia.
- Eu sou
o pintor, fiquem quietas. – Digo fazendo movimentos e as expulsando de perto de
mim, em vão é claro, pois minhas musas inspiradoras devem ficar ao meu lado.
Sempre.
- Lay,
diga para Sophia prefiro o sol.
- Mamãe,
diga para o papai que eu quero uma lua!
- Layla,
diga para si mesma que este cheiro não é de biscoitos queimados. – Ouço Layla
correndo para a cozinha e Sophia pulando em cima de mim para me convencer com
cócegas a criar a lua que ela deseja. Caímos e tinta voa para cima e cai sobre
nós. Layla voltava correndo, ao tentar virar o corredor escorregara e caíra
quase batendo de frente com a parede. André passa correndo atrás dela e mia
baixinho, pequeno André. Layla pega um biscoito de chocolate do chão e o morde.
- Está
com gosto de chocolate quentinho ainda. – Abri um sorriso e fecha os olhos.
- Vamos
ajudar a mamãe André.
Sento
apressadamente e tateou algo macio.Pequeno André que pegara um biscoito de
chocolate maior que sua cabeça. O chão estava úmido de tinta. Quantos quadros
eu já fiz mesmo? A oficina está cheia de cheiro de tinta, biscoito de chocolate,
imagens e felicidade. Sophia usa uma saia preta, camisa amarela com uma semente
preta desenhada nas costas; cabelos castanhos, curtos e ondulados; segurando um
biscoito de chocolate com as duas mãos e comendo junto com Layla.
André me
olha fixamente.
- Te
encontrei. – Diz repentinamente. Levanto em um pulo. Layla e Sophia não o perceberam
falar. – Desta vez está sendo difícil te encontrar Joseph. – A voz soa extremamente
potente para um pequeno gato. A risada é maliciosa e me incomoda. – Diga-me:
quem é seu novo amigo? Ele é um completo estranho, espero que não esteja
confiando nele. O que ele quer com você? – Ele me rodeia como um poderoso
predador. – Eu temo por Layla e Sophia. – Com medo por elas? Não se preocupe.
Isto é apenas uma memória. Como você conseguiu este fragmento Joseph? – Fico em
silêncio, sem saber se aquilo é real ou não. – RESPONDA-ME! – O monstro se enfurece
comigo. – Ah. Sabe quem sou agora? Não você não sabe ainda. Na verdade você não
sabe nada sobre mim. Hurrr hurrr – Rosna. – Há há há! – Ri da minha fraqueza de
compreensão. – Eu quero o seu bem Joseph. E o seu bem é a morte. Que tal eu
tirar definitivamente de sua memória estas duas? – Ele se volta para elas.O
pequeno corpo começa a se contorcer e duas mãos começam a abrir o gato ao meio.
- Não! –
Grito e corro em direção de minhas queridas memórias. Porém uma grande mão de
tinta negra sai do gato e me acerta violentamente. Meu corpo é arremessado
contra a parede. A sensação de um carro me atropelando. Caio e estou na rua.
Vejo o corpo de minhas queridas ao chão como eu. Porém estou consciente. E um
gato, ao longe mia maleficamente. A rua esta chia de sons desconexos e minha visão
se vai lentamente enquanto o gato com uma enorme mão de tinta se aproxima delas.
Não posso fazer nada?
- Não se
intrometa em meu alimento, velho. Você não é nada além de um pedaço do que um dia já foi. Uma peça. Uma memória a andarilhar.
Uma
linha azul escura balança no ar. Vejo Sr. Lupus correndo. Ele pula e com uma braço
erguido no ar, a mão em forma de garras. Vai de encontro, inevitável, ao gato,
o monstro, rugindo como um verdadeiro lobo defendendo a alcateia.
Não me
resta mais nada além de escuridão, novamente.
segunda-feira, 16 de abril de 2012
sexta-feira, 13 de abril de 2012
Bardo
A gaita ressoou o som mais triste do que poderia querer
naquele momento.
Nenhum dos quatro cantos que não existiam deixavam o escapar aos
quatro horizontes.
Dentro de um quadrado desenhado pela mente.
Dentro de um quadrado desenhado pela mente.
Isto o limitava e dizia: "Esta é sua prisão."
O horizonte se unia ao céu para todos os lados.
O horizonte se unia ao céu para todos os lados.
Flores eram vistas se despedaçando antes de morrer
ou se jogando ao vento por puro prazer.
O som nada havia a temer,
o horizonte conquistou com apenas querer.
Sentiu como sempre a emagadora culpa,
a mente o limitou, pois antes a razão era surda.
Tentou imaginar outro belo lugar.
O que era mais belo que a noite de luar?
Dia e noite, frio e calor.
Quebrado estava em seu próprio amor.
Ilusões criara para si,
decepções colhera ali.
Alegra a canção canção
até o mais orgulhoso coração.
A gaita o lembrara.
Que ele mesmo se limitara.
Então havia:
A gaita o lembrara.
Que ele mesmo se limitara.
Então havia:
Ele, o som, na mente palavras de outras pessoas a serem digridas com o tempo e falsas paredes de uma prisão.
Concluiu então: o meu mundo é limitado.
A canção produziu: tristeza em consciência; consciência em vontade; vontade em movimento; movimento em plantar; plantar em aguardar; aguardar em colher; colher em saber; saber em limites; limites em ciclo; ciclo em renovação;
Tinha agora a composição da canção que tanto desejava.
quarta-feira, 11 de abril de 2012
Contos de um velho sem luz - Cap. III
Capítulo III
Terceira Refeição
Joseph
aguardou Flávia chegar. A porta explodira com a violência e impaciência.
- Mal
humor detectado. Sinalização verde para uma boa surra. – Riu André.
Joseph
estremeceu. Porque estava com a chave ali e se Flávia a encontrasse? Não
poderia sair daquele quarto e ver o que havia lá fora. Fingiu que estava
dormindo. Flávia não queria saber de seu estado de consciência e simplesmente
avançou contra o fingidor que recebeu em seu corpo inúmeros golpes no abdômen
até perder o fôlego e desmaiar.
Um
buraco no meio de algum cenário acima misterioso. Luz fortemente amarela
tentava entrar pelo chão quebrado. Algumas colunas naturais ao longe podiam ser
vistas, estalactites e estalagmites. Até a cintura Joseph estava dentro d’água
e os pés afundavam lentamente na lama. Grãos de poeira voando. A espada esta
fincada na água assim como Joseph. O monstro de papel de papel retorcido ao
lado da espada e de costas para o velho. Uma mão estava no cabo da espada e a
outra com dedos disformes ia de encontro ao local que possivelmente há um
coração penetrando a casca e deixando o sangue escorrer junto a um gutural
doloroso. O som da maldita vitrola ressoando de dentro do velho e uma dor
agônica sendo respirada para dentro de seus pulmões o sufocando...
Primeira
refeição
O som da
porta de madeira abrindo interrompeu a visão de Joseph. Flávia trazia a
primeira refeição do dia sendo jogada com rancor nas paredes úmidas e
explodindo m farelos.
- Os
seus biscoitos se multiplicaram, porém diminuíram de tamanho. – Gargalhou
André.
-
Cale-se!!! – Berrou Flávia.
- Até
você? – Indignou-se André.
As botas
do velho que deitado estava no colchão empoeirado comprimiam os pés com o
calor. A comida batera na parede e o suco desta vez não viera. Mesmo com os
olhos concentrados no nada teve a certeza de que a chave não estava abaixo de
seu corpo. Teve vontade de chorar. Será que Flávia pegara o objeto? Querendo
negar esta possibilidade procurou desesperadamente pela chave no quarto. Não
encontrando aguardou a chegada do Músico para entrar na sala secreta.
- Quanto
frenesi! É apenas uma possibilidade de sair daqui por um determinado tempo.
- Eu
sei. – A voz fraca do velho Joseph, a muito não escutada.
Silêncio.
- Não
sabia que você ainda tinha uma língua. Está bem animado hoje ou deveria dizer
curioso?
O músico
tocara o corpo de Joseph. Ao entrar na sala secreta começou a procurar a chave.
Jogava objetos de lado sem os dar qualquer importância até encontrar a chave de
brilho azulado. Em ato de amor abraçou a chave. Chave e coração batiam em um
mesmo ritmo.
- Chave
não “batem”. – Enganou-se André. – Então me explique. – André esperou uma
explicação que já estava na sua frente. – Agora sim eu falo: André se cala por
estar sem paciência. – E assim André o fez para todo sempre. – Está abusando
demais hoje, está se empolgando com Joseph? – em resposta a narrativa
continuou. – Quem é este narrador?
Joseph
sentia que em todo objeto havia algo de vivo: um enigmático pulso de vida.
Pediu desculpas aos outros objetos menos importantes que foram jogados.
Os dias
são medidos por três refeições, independente do tempo que começava a ter
importância para Joseph. André era o que fazia o controle do tempo, mas não dos
dias incontáveis já deixados para trás. Foi de encontro a porta e pela primeira
vez tocou nela com a ambição de passá-la. Não havia maçaneta, havia apenas uma
fechadura no peito da madeira. Enfiou a chave e sentiu ser fisgado o próprio
coração por anzol não invisível. Ah! Joseph, pequeno peixe nadando em aquário
sem conhecer a imensidão do mar. Abra logo esta porta e se afogue em dúvidas de
uma vez por todas. Girou a chave para o lado errado e se ouviu um barulho seco
e certa resistência impedindo o completo ciclo de movimento. Para o outro lado
foi possível deslizar com perfeição as matérias em atrito. Joseph fugiu de sua
prisão e consigo levava a chave.
Iniciou
a exploração do desconhecido abrindo os braços para sentir a distância das
paredes: era um corredor um pouco maior que seus braços erguidos
horizontalmente. As mãos foram de encontro ao teto e não o encontraram. Pulou e
não encontro mesmo assim. Flávia era maior que ele? Provavelmente.
A
harmonia do lugar era quebrada pelo som dos passos inseguros e incertos que não
acompanhavam o som distante, porém perceptível, do gotejar: Gota; Silêncio;
Silêncio; Gota; Silêncio; Silêncio; Gota... A escuridão aprofunda o espaço que
ainda não faz parte da memória. Curiosidade e temor são linhas que quase se
unem em alguns seres. O que há de existir no próximo passo? Abismo ou caminho?
Até uma poça d’água poderia ser um buraco sem fim.
- Tente
ignorar isto e siga em frente, está ficando interessante velhote.
Sentiu
que não era a primeira vez que recebia aquelas palavras naquele tom ousado que
recebia as palavras. Encorajou-se e caminhou com uma mão a raspar os musgos da
parede. Tropeçou no primeiro degrau de uma escada. Subiu-a com cuidado. Havia
uma curva a direita e depois mais uma até completar dez voltas. Um vento gélido
soprou sua face e o velho levou as mãos até o rosto para se aquecer. Sentiu seu
próprio tato. Mãos ásperas e calejadas. Não foi curioso antes para se tocar e
se conhecer. Pensaria nisto depois, tentou se concentrar em sua tarefa árdua de
desbravar aquele corredor. Tocando as paredes percebeu que o caminho se
dividia: estava em uma encruzilhada. Por onde Flávia viria? Foi para o meio da
encruzilhada e por um segundo se perdeu completamente. Esse às suas costas não
fosse de onde tivera vindo? Qual era o caminho que havia percorrido até ali?
Olhou para o chão e viu que três marcas em algarismo romano indicavam os três
caminhos possíveis a se seguir: I esquerda, II frente ou III direita.
- Sinto
cheiro de vaca.
O
coração de Joseph acelerou e o medo tomou conta. Velho se tornando marionete
que começara a ser guiada para o corredor III andando rapidamente, sem tocar as
paredes, tudo se tornando desnortear. Tola marionete que não se rebela contra
seu senhor manipulador: medo. Que caminho conhece este senhor senão o da
perdição que junto a sedutora e maliciosa escuridão se alia? Parou apenas quando
o medo o solto á mercê da sorte. Temeu o desconhecido e se lançou para o lado
chocando o corpo na parede, pois sentir a parede era mais confortável que pisar
no chão: vã ideia de estabilidade. Velho tolo. Deveria apenas ter calma e
prestar atenção para saber de onde Flávia viria. Sorte não a ter encontrado.
Joseph sentia um terremoto em ambas pernas que ameaçavam ruir.
- Você
já foi mais forte Jo. - Suas lembranças vieram e uma moça de lábios finos e
róseos eram a porta do questionamento direcionado a ele. Estava sentado com as
pernas cruzadas, não conseguia ver o rosto dela. Estava de cabeça baixa e ela
estava ajoelhada colocando um pano úmido na testa de Joseph. Observava seus
seios, sua camisa negra com uma bela estampa amarela explodindo em girassóis e
uma calça jeans manchada de tinta.
-
Concordo. – Acrescentou André.
Apoiado
na parede deixou o coração acalmar... Sentiu relevos com as pontas dos dedos. Passou
a mão da esquerda para a direita e leu:
“...
morrer novamente. Um fragmento a mais para ele.”
Este era
o fim da mensagem. Correu os dedos até o começo leu:
“Quanto mais caminho por estes
corredores mais me perco
e mais salas encontro. Salas em cujo espaço sou estranho.
Ele continua a me perseguir e cada vez que me encontra eu
descubro o que é morrer novamente.Um fragmento a mais para ele.”
e mais salas encontro. Salas em cujo espaço sou estranho.
Ele continua a me perseguir e cada vez que me encontra eu
descubro o que é morrer novamente.Um fragmento a mais para ele.”
As
palavras perturbaram e a mão escorregou pela parede desanimadamente por não
compreender o que ali estava e encontrou algo mais escrito.
“Layla e Sophia, sinto a falta de
vocês. Até quando irei me lembrar de vocês?
Assinado: Joseph, para que eu não
me esqueça quem sou.”
Algumas
memórias de Joseph começaram a se agrupar. Uma mulher às suas costas falava com
desprezo e tristeza: - Você já foi mais forte Jo. Enquanto os olhos de Joseph
estavam fixados em uma tela branca esperando a obra perfeita ser criada. Um
anel teimava reluzir o entardecer alaranjado de um pequeno bando bem próximo a
tela. O velho sentiu a mão deslizar novamente pela madeira.... Madeira? Sim,
madeira! E não uma parede como havia pensado anteriormente.
- Uma
valiosa lição Joseph: O que cega é o medo, não a escuridão. – Uma voz de tom
grave se fez presente. – Entre, por favor.
Instintivamente,
seduzido na verdade, levou a chave até a fechadura da porta com precisão única.
- Quem é
você? – Perguntou André denunciando em seu tom de voz irritação e temor por
certo desconhecimento de quem estava do outro lado da porta. – Como sabe que
isto é uma porta? – Perguntou erguendo a voz, porém foi calado. – Não pode
ser... Você é... – André não faz mais parte desta história até o capítulo V, pois
Joseph abrira e entrara na sala.
terça-feira, 10 de abril de 2012
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